domingo, 3 de outubro de 2010

A (in)Justiça ...


«A vergonha não existe na natureza.
Os animais sabem a lei: a força, a força, a força.
Quem é fraco cai e faz o que o forte quer.
A inundação, as chuvas, o mamífero mais pesado e mais rápido e o mamífero pequeno.
Os primatas, os répteis, os peixes maiores e os mais minúsculos, a cascata: já viste algum animal cair?, não há a mais breve compaixão entre os animais e a água, o mar engoliu milhares e milhares de cães desde o início do mundo.
Não há a mais breve compaixão entre a água e as plantas, entre a terra que desaba e os pequenos animais acabados de nascer.
A natureza avança com o que é forte e a cidade avança com o que é forte: qual a dúvida ?
Queres o quê?

Não há animais injustos, não sejas imbecil.
Não há inundações injustas ou desabamentos da maldade.
A injustiça não faz parte dos elementos da natureza, um cão sim, e uma árvore e a água enorme, mas a injustiça não.
Se a injustiça se fizesse organismo: coisa que pode morrer, então, sim, faria parte da natureza.»
Gonçalo M. Tavares, in “Um Homem: Klaus Klump”

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