quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010 !!!

Se o Calendário não estiver enganado, mais logo, às zero horas, entramos em 2010.
Pois, e para 2010, os Votos de muita Solidariedade, Amor, Amizade, Saúde, Paz, Pão, Habitação ... e muitas Lutas e outras tantas Vitórias !!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O dilema civilizacional que condiciona o emprego

Há qualquer coisa de perverso nas políticas económicas desenvolvidas por todo o Mundo para fazer face à crise, pois aquilo que todos parecem encarar como solução incontornável para lhe fazer frente, afinal demonstra-se, a longo prazo e nas condições actuais de funcionamento das sociedades (que já por mais de uma vez abordei), ser a fonte dos problemas com que presentemente se confrontam.

A maior preocupação actual dos governos de todo o Mundo, pelo menos nos discursos públicos, é a de procurarem criar empregos para fazerem face aos destruídos pela crise. Desdobram-se em esforços na elaboração de programas e na busca de investimentos, públicos e privados, tendo em vista apoiar as empresas, esperando, por via destas, impulsionar o emprego. Uma das áreas que tem vindo a ser mais estimulada nesses programas económicos, elaborados um pouco por toda a parte para combater o desemprego – uma séria ameaça à estabilidade social! – é, a par da educação e da formação profissional, a de promoverem a investigação, como forma de se ‘inventarem’ novos empregos. Ainda agora, em França, o governo de Sarkozy anunciou aquilo que a imprensa designou por um ‘megaplano de investimentos’, precisamente orientado nesse sentido: ele é, ‘apenas’, o maior das últimas décadas!

Por detrás destes programas a convicção de que só será possível ultrapassar a crise se forem criadas/inventadas novas ocupações económicas capazes de suprir os empregos desaparecidos, que todos consideram já definitivamente extintos. O objectivo é, invariavelmente, ganhar posições na competitividade externa, descobrindo, produzindo e comercializando aquilo que ainda ninguém antes se tinha lembrado de fazer – preencha ou não funcionalidades socialmente úteis (desde que venda...!). Esperando, deste modo, ficar até melhor defendidos para as próximas crises...

A importância estratégica destas prioridades não oferece contestação, sejam quais forem as circunstâncias ou as situações, tanto no presente como também já no passado, em Portugal como na França ou na China, ainda que ganhem especial acuidade agora face à pressão social que resulta dos níveis generalizados de desemprego. Com a natural especificidade geográfica e histórica de cada situação concreta. Mas a lógica que explica a razão de ser de tais opções, inserida na dinâmica de progresso que acompanha o homem, determina também, como resultado natural dos desenvolvimentos técnicos conseguidos, a consequente redução do esforço humano aplicado no trabalho.

Contudo, a realidade está longe de se ajustar ou subordinar às determinações da lógica. Pois aquilo que se apresentaria, então, como resultado natural de um processo de substituição do esforço individual das pessoas (o trabalho manual) por uma crescente intervenção das máquinas e da inteligência artificial, esbarra não nos limites da técnica mas nos interesses particulares dos grupos sociais que dominam a organização social do capitalismo através de condições específicas impostas a nível mundial: globalizada no seu nível económico, mantida nos limites nacionais a nível político – o que permite todo o tipo de chantagem com base na constante ameaça da ‘deslocalização de empresas’! Daí assistir-se hoje, no campo laboral, a situações aparentemente contraditórias ou mesmo absurdas (por vezes até na mesma empresa!!!), de pressão/imposição patronal de alargamento dos horários de trabalho, a par... do aumento do desemprego!

A redução do esforço humano na produção de bens e serviços (para além do incremento da produtividade e da riqueza) é o resultado natural e inevitável da investigação/inovação e seus consequentes avanços tecnológicos, pelo que ganha consistência um autêntico dilema civilizacional, de resolução quase impossível no imediato, dadas as referidas condições económicas e políticas mundiais: ouesta’ organização social muda e se adapta ao progresso técnico, ou a precariedade do emprego e o desemprego terão tendência para aumentar para níveis cada vez mais socialmente insustentáveis.

No fim de contas, o futuro do emprego, para além de todos os bem intencionados esforços em o redimir, encontra-se, em última análise, preso da resolução deste dilema!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Boas Festas !..


Para Tod@s e Cada Um(a) os Votos de Boas Festas

sábado, 12 de dezembro de 2009

Copenhaga na Crise global

Incertezas, insatisfação, oportunidades...

Apesar das tentativas oficiais pretenderem fazer crer que o pior da crise já passou, verdadeiramente ninguém parece fazer fé em tanto optimismo, tenha ou não já sido afectado, directa ou indirectamente, por ela – e não, não fica a dever-se ao descrédito das fontes! Tudo, afinal, se resume à dura e crua realidade. À realidade sentida, percebida ou até mesmo só intuída pela esmagadora maioria das pessoas. Em Portugal, seguramente (afinal o mal já vem de longe e a instalada anemia parece não ter cura), mas também um pouco por todo o Mundo!

Longe estão de se encontrar assegurados, sequer delineados ou em vias de o ser, os prometidos mecanismos de regulação e outros (quando no auge do perigo se temia o pior, e o pior era mesmo a derrocada do sistema!), destinados não só a resolver a crise, como sobretudo a evitar a sua repetição. Certo, os mesmos desejos, os mesmos propósitos haviam já sido formulados – e tentados – em ocasiões anteriores, sempre com os mesmos pífios resultados. Expressivos apenas na insatisfação, no desespero, no medo, na humilhação a que se reduz a incerteza e a crescente sensação de vidas permanentemente adiadas, sem perspectivas de qualquer futuro.

À tese dos que consideram e insistem (eles lá saberão porquê) que isso resultou sobretudo devido à ganância, perfídia, desvios de carácter ou quaisquer outros desvarios dos detentores do poder, económico e político, tenho vindo a contrapor a de que, não descurando tais aspectos, circunstancialmente importantes, o essencial se deve procurar antes no carácter predador do próprio sistema, cuja lógica de funcionamento, baseada na expansão contínua, ameaça arrastar tudo e todos na sua derrocada. De tal modo que a grande preocupação (ou esperança, conforme a perspectiva), porventura a única, que por estes tempos todos apregoam como forma de se ultrapassar a crise e devolver os empregos perdidos, reside na miragem do ‘crescimento económico’, tido como indispensável para inverter uma situação em contínua degradação.

Também por estes dias decorre em Copenhaga, promovida pela ONU, a Conferência das Alterações Climáticas, a 15ª tentativa de se encontrar uma fórmula, vertida num compromisso à escala global, que permita contrariar ou mesmo evitar as consequências nefastas, potencialmente catastróficas, que o rápido aquecimento do planeta provocado pelo efeito de estufa – em resultado da acção do homem, já não há volta a dar-lhe! – irá desencadear sobre toda a vida na Terra. Aparentemente, pois, os objectivos do que se discute em Copenhaga conflituam com os da tradicional via de desenvolvimento, uma vez que tem sido ‘este’ (dito imprescindível) crescimento económico, movido e dominado pelo motor da expansão capitalista, o principal responsável pela difícil, e porventura já irreversível, situação geoambiental (não é só climática) em que o Mundo actualmente se encontra.

Os mais optimistas parecem depositar uma fé inabalável numa ilimitada (!) capacidade tecnológica para a inverter e impedir as catástrofes que se anunciam (e salvar o Mundo do precipício, nem que isso aconteça só no último momento!), indo até muito para além do que permitiria deduzir-se de uma pretensa neutralidade da técnica face aos interesses dominantes (o que, como se sabe, é irrealista pensar-se). Certo é que o tempo escasseia e a eficácia de uma acção oportuna cada vez se apresenta menos provável.

Ora, no clima de profunda crise económica instalado a nível global (com todo o rol de incertezas, de insatisfação, de humilhações,... de abertura à mudança) e perante o grau de confiança permitido pelos dados que a ciência já dispõe sobre os efeitos das alterações climáticas, uma convicção parece afirmar-se: nunca como agora se reuniram condições tão favoráveis à denúncia dos responsáveis por este estado de coisas e à consequente desmontagem dos mecanismos sociais que o propiciaram (incluindo o perverso desaproveitamento da capacidade científica e técnica – perverso até na perspectiva do próprio sistema!).

Resta então saber, para além dos discursos e dos compromissos oficiais, até onde irá ser possível aproveitar-se esta oportunidade para se repensar o funcionamento do nosso actual modo de vida e se tentar esboçar um novo modelo de organização social; até onde nos será permitido contestar algumas verdades tidas como absolutas e resgatar-se o sopro de esperança num outro futuro, num futuro alternativo ao que nos querem impor!

Utópico? Talvez, mas... que futuro sem utopia?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A bandalheira ...

É andando nos transportes públicos – uma “coisa” que governantes, chefes de gabinetes, assessores e quejandos da/na orla do poder não utilizam, pois fazem-se transportar em lustrosas “bombas”, com direito a motorista e pagos pelo erário publico – que se ausculta o sentir, o pulsar do pensamento da (nossa) “populis” …
Acabei de assistir a um hilariante diálogo entre um casal de idosos que se sentaram, no Metro e à minha frente, enquanto eu desfolhava o “Metro” que, ironia das ironias, traz em titulo de primeira página “Portugueses desconfiam (e muito) dos políticos”
E todo este arrazoado, afinal, a propósito da entrevista que esta noite a RTP faz o favor de fazer – será encomenda (?) - ao arguido do/no processo “Face Oculta”, o cidadão Armando Vara.
Dizia a “velhota” para o “velhote” :
-« então, é logo à noite que o Vara dá a entrevista, não é?»
- « isto é uma bandalheira », responde-lhe o “velhote”
E, de novo, a “velhota” :
-«então, não está tudo em segredo de justiça ?»
Responde, de novo, o “velhote” : « é uma bandalheira »
Eis, entretanto, que o casal se levanta para “desembarcar” e, assim e com muita pena minha, não assisto ao resto do pertinente diálogo.
E, assim, dou comigo a pensar no seguinte:
- pese embora perceber o critério de oportunidade jornalística, como é de facto possível que a RTP se “preste” a fazer uma entrevista a Armando Vara.
O sucesso da entrevista dependerá, naturalmente, do teor das perguntas que Judite de Sousa proferirá.
Antecipo, com os ricos daí decorrentes, o que irá acontecer na dita-cuja entrevista.
A estratégia de Armando Vara – tal como, ainda e muito recentemente ocorreu com Dias Loureiro -, será clara.
Clamará por inocência; e se, por parte da entrevistadora, houver lugar a perguntas pertinentes dirá que não pode(rá) responder por ser matéria de “segredo de justiça”.
Uma coisa é certa.
Tal como laconicamente respondia o “velhote” :
«é uma bandalheira.»
Acrescento eu que :
para haver bandalheira é condição necessária a existência de bandalhos
E, para mim, Armanda Vara é isso mesmo :
- mais robalo, menos robalo : um b-a-n-d-a-l-h-o ...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pedro Barroso : 40 anos de música e Palavras ...

Parece que foi ontem amigos.
Uma vida de sonho que me deram.
Uma vida de causas e destemor.
Uma vida de altos e baixos, com incompreensões e injustiças, mas também com êxitos e aplausos.
Destinado a ser professor, tudo começou no velho programa Zip Zip, onde há 40 anos recebi o meu primeiro cachet por actuar em Televisão.
Era ainda uma criança, acho eu. Mas mudou a minha vida.
Se hoje aqui estou, tanto tempo depois, testemunhando o vosso calor humano e a vossa atenção, é graças a esse episódio e à minha luta, feita de insistencias dificeis.
É graças também à vossa atenção e à vossa estima que o devo.
Ninguém tem êxito sem ter quem o aprecie. Ninguém vende o que ninguém quiser comprar. Ninguém circula por onde não houver caminho.
Que digo eu? Muitas vezes consegui circular sem haver estrada. E fiz a pulso as escarpas de um escrever e cantar que nunca andou pelas autoestradas da facilidade. Disco a disco, em editoras pequenas e alternativas. Palco a palco, arrostando com condições que não eram as ideais. Por sitios que não lembra ao diabo fazer espectaculos ali. Frente a um povo ora evoluido e atento, ora distraído e boçal.
E comentei para mim mesmo, surdamente, os dias maiores e os de amargura. E arqivei na memória tudo, desde as paisagens, aos romances de estrada, aos músicos que já partiram, aos petiscos regionais, aos solavancos do caminho.
Este próximo ano de 2009 - quarenta anos de estrada e palcos deixados para trás - quero compartilhar convosco esse louco e profundo conviver. Esse profundo viver português, em que desafio o mais pintado a ter estado lá, onde eu estive e cantei e toquei, ao longo de milhares de horas, milhares de quilometros, milhares de abraços, milhões de notas e palavras.
Espero em 2009 fazer uma tournée nacional que justifique e consolide uma vida que escolhi.
Mas para isso vos peço que se mobilizem localmente e me ajudem a satisfazer esse desejo de chegar - num folego que ja me vai faltando...- a estar em toda a parte onde valha a pena.
Celebração de mim com a vossa cumplicidade maior.
Afinal, como tudo sempre foi.
Por isso o meu imenso obrigado.
O velho trovador ainda está de pé e nunca se venderá, eis a minha única forma de vos agradecer.
Pedro Barroso
PS : Pedro, eu vou lá estar ...