domingo, 29 de novembro de 2009

Weird & Wonderful !..

O Boletim Estatístico do mês de Novembro, publicado pelo Banco de Portugal, revela que 2009 poderá ser o ano em que os portugueses mais investiram em paraísos fiscais.
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(Via : Esquerda )

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Antes da dívida temos direitos !..

Lançada por várias Associações de Trabalhadores Precários – FERVE, Plataforma dos Intermitentes do Espectáculo e Audiovisual e Precários Inflexíveis - decorre uma petição com vista a acabar com as injustiças nas contribuições para a Segurança Social, a qual pode ser subscrita AQUI.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Um País em transe?

Ouviu-se no último ‘Prós e Contras’, um desorbitado penalista apregoar: ‘O país está em transe para ouvir as escutas!’. Para ouvir, esclareça-se, não o conteúdo das escutas supostamente efectuadas para detectar corrupção, mas apenas ‘o pormenor’ em que um estouvado 1º Ministro (Sócrates), presumidamente (?) é ‘apanhado’ a falar sobre uma destrambelhada ‘jornalista’ (MMGuedes). Não fora o tom hiperbólico da bramida diatribe e o assunto não passaria de mais uma tirada no longo rol de acusações canhestras e defesas obtusas com que um país, de facto posto em transe com tais desaforos, quotidianamente se vê obrigado a confrontar-se.

Escarmentado com a interminável saga ‘Casa Pia’ – o gáudio e condenação populares que a sua exibição pública proporcionou, encontra malsã contrapartida nos já irreparáveis danos no apuramento da verdade – recuso-me a embarcar neste clima de histeria colectiva, seja qual for a campanha ou personalidade envolvidas. Estranha (ou talvez não) a colaboração da comunicação social, seguramente nem sempre descomprometida e isenta, antes mais ocupada em colher os dividendos proporcionais ao efeito de atiçar na turba uma enviesada vingança por conta de magra compensação para desventuras, fracassos e angústias pessoais.

A minha inclinação será sempre a de contrariar o unanimismo das condenações prévias, a de me manter céptico perante verdades impostas, de desconfiar da fúria justicialista. Abundam na História exemplos que desaconselham tal procedimento. E se, no final, tudo o que a comunicação social deu por provado se vier a demonstrar falso? Ou se até só apenas algumas destas ‘impostas’ verdades mediáticas o forem? Talvez por deformação, inclino-me para o lado contrário para onde me querem empurrar. Contra as correntes dominantes, contra a moda, contra as verdades absolutas, contra o rebanho.

Resisto assim, mesmo quando o pé me foge para a dança, em dar o meu contributo para a fogueira com que pretendem – e têm-no conseguido! – queimar etapas ou eliminar provas. Assisto, pois, distanciado e céptico, ao desenrolar frenético mas enfadonho da interminável série de peripécias e contraditas em que os ‘media’ nos têm enredado, deste deplorável espectáculo com que nos pretendem – e têm-no conseguido! – entreter. Desviando-nos a atenção de questões bem mais sensíveis e relevantes na vida das pessoas, essas sim a merecerem inadiável debate público.

De entre os temas que melhor o exemplificam, há um que, mais uma vez, corre o risco de ser submergido pela leva de notícias em voga. Refiro-me, naturalmente, às alterações climáticas, cuja importância soçobra claramente perante a avalanche dos temas que vendem. A esse, cuja actualidade exige um debate quase permanente e cuja oportunidade, a 15 dias do início da Conferência de Copenhaga, o torna particularmente urgente, os ‘media’ têm dedicado apenas o tempo e o espaço para onde são empurrados pelo material noticioso que lhes cai nas redacções. Apenas para que se não diga terem-no completamente esquecido.

Mas o enquadramento ideológico que dita a valorização das escutas (até ao paroxismo mais absurdo) sobre a dimensão das alterações climáticas, é o mesmo que conduz à banalização dos efeitos de uma crise que alguns dão já em tempo de rescaldo. E, para a ultrapassar, ao desvelo na insistência no desgastado modelo de desenvolvimento que a ela conduziu, assente num insustentável crescimento económico como grande objectivo político e num pouco virtuoso modelo exportador como único modo de aí chegar. Argumenta-se que a isso obriga – e talvez com razão – as ‘leis’ da globalização. Mas isso não impede de lhe diagnosticarem a falência e de se pensar nas alternativas que se irão colocar (pelo menos) a prazo, de se discutir o futuro do ‘emprego’ (pois o emprego parece já não ter futuro), de se repensar o papel do Estado para além das funções de regulação que lhe reserva o pensamento neoliberal na origem da crise. Porque o essencial da crise não resultou dos desvios de carácter ou quaisquer perversões dos seus agentes!

Inquietante, sem dúvida, o recrudescer das corporações, neste serôdio corporativismo que parece finalmente instituído. Em que se encontram empenhados jornalistas e operadores da justiça, mas onde não faltam também os operadores da saúde, os da educação,... todos apostados em fazer valer os seus pontos de vista particulares sobre o geral, os seus interesses de ‘classe’ sobre os deveres profissionais – ou, no mínimo, confundindo-os. Em lugar de se extinguirem as velhas ‘ordens’, multiplicam-se as ‘pró-ordens’, sintoma pouco saudável deste revivalismo corporativo a destempo.

Sintomas pouco saudáveis de um país posto em transe para proveito de uns poucos – tanto os de bom como os de mau ‘carácter’! E, acrescente-se o bónus, seu supremo gáudio!

As cinco "etapas" da Vida ...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Piano stairs - TheFunTheory.com - Rolighetsteorin.se

A (i)moralidade de Vítor Constâncio …

Mais uma vez, solicito e quase parecendo um comissário político, Vítor Constâncio(VC), o principescamente bem pago Governador do Banco de Portugal (BdP), lá vai (em)prestando os seus palpites na “defesa” do Governo e, claro, do patronato.
Desta feita, no V Fórum Parlamentar Ibero-Americano, VC lá foi defendendo que "em geral, para a economia e, sobretudo, para a economia empresarial [seja pública ou privada], os aumentos salariais reais deverão situar-se entre 1 e 1,5 por cento, correspondendo isto à inflação previsível".
Para VC – ex secretário-geral do PS e, agora, que o “tacho” no BdP está a expirar é candidato a Vice-Presidente do Banco Central Europeu (BCE) – que nunca se preocupou com a pobreza e as desigualdades no/do País a receita é simples e mais do mesmo : menos salários e mais impostos.
Enquanto isso, VC lá vai continuando “distraído” nas funções para as quais é principescamente muito bem pago – um dos mais bem remunerados Governadores/Presidentes dos Bancos Centrais do/no Mundo – e não consegue dar resposta(s) à denúncia de ocorrência de práticas bancárias eticamente recrimináveis associadas a operações de swap de taxa de juro por parte de bancos nacionais.
Ora, enquanto não “parte” para o BCE e/ou é nomeado para um qualquer outro cargo importante , Vítor Constâncio lá (em)presta, mais uma vez, um serviço ao PSócrates dando o seu pontapé macro nos bolsos micro; na senda dos patrões com sacrifícios para ou outros …
Ora, e como já nos habituou, Vítor Constâncio no seu melhor :
- muito atento com uns e distraído com outros !!!

sábado, 21 de novembro de 2009

PS : as prebendas e sinecuras ...

O novo Governo, tal como lhe compete, acaba de nomear os dezoito Governadores Civis do/no País.
Dos dezoito Governadores, dez são nomeados pela primeira vez.
Pois, e até aqui, nada de anormal; pois a renovação não só é necessária como se recomenda.
Porém, o que espanta(?) é o facto de uns tantos desses novos Governadores terem sido ou candidatos derrotados nas últimas Eleições Autárquicas(EA), e/ou Deputados não eleitos à Assembleia da República(AR).
Perderam em 27 de Setembro e/ou 11 de Outubro … mas, a 19 de Novembro, o PS, em jeito de prebenda, generosamente, lá lhes oferece as respectivas sinecuras e, assim, a possibilidade de continuidade na/da profissão de políticos :
Lisboa – António Galamba ( não eleito - AR)
Porto – Isabel Santos (derrotada em Gondomar - EA)
Aveiro – José Mota (derrotado em Espinho – EA)
Viseu – Miguel Ginestal (derrotado em Viseu – EA)
Santarém – Sónia Sanfona (derrotada em Alpiarça – EA)
Faro – Isilda Gomes (não eleita – AR)
É assim o PS, este PS quanto à sua génese; à forma de estar e lidar com a Democracia.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

A História da Moral ...

Com toda a estima, dedicado ao Senhor Primeiro Ministro de Portugal, José Sócrates :

Você tem-me
cavalgado,
seu safado !
Você tem-me
cavalgado,
mas nem por
isso me pôs
a pensar
como você.
Que uma coisa
pensa o cavalo;
outra quem está
a montá-lo.

(Alexandre O´Neill, A História da Moral)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jazz contra o Racismo ...

Para colocar em Agenda :
20 de Novembro, 21h30m
Centro Cultural de Cascais

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Água mole em pedra dura …

Na legislatura que ainda agora começou, a primeira Declaração Politica do Bloco de Esquerda esteve a cargo de Fernando Rosas que abordou o tema da corrupção, um tema que está – pelas piores razões – na ordem do dia da politica Portuguesa.
Trata-se, em meu entender, de um discurso que pela sua pertinência, pela abordagem factual e corajosa com que é sustentado, merece ser lido num propósito de séria e urgente reflexão:
… a linha divisória entre quem pretende responder à emergência ou continuar a fechar os olhos é a delimitação das causas da corrupção e a escolha dos remédios com que se pretende combatê-los.
A corrupção é filha do clientelismo, do nepotismo, do caciquismo e de todas as formas de degenerescência antidemocrática do poder que se perpetua sem alternância real – ainda que, por vezes, com substituição das clientelas -, criando promiscuidades ou cumplicidades ilegítimas com os interesses, furtando-se a uma eficaz vigilância cidadã com os alçapões que cria ou mantém nas leis e revestindo essa podridão essencial com uma fachada solene de respeitabilidade.”


E, talvez pela pertinência e oportunidade do discurso, porque a luta contra a corrupção é o combate pela democracia e transparência da vida política a todos os níveis que, embora a “falar” em nome pessoal, Francisco Assis, o líder da Bancada Parlamentar do PS, afirmou que :
“as propostas que foram apresentadas pelo sr. engenheiro João Cravinho podem a cada momento ser objecto de uma reapreciação”

Vá lá, vá lá; do mal o menos …
Tenhamos ao menos a esperança – não confundir, sff, com certeza – que e tal como reza um velho ditado que :
“ água mole em pedra dura tanto dá até que fura”.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Robert Enke...

Robert Enke (1977-2009) suicidou-se ontem, aos 32 anos.
Em 1999, Robert Enke chegou ao Benfica.
Jovem, muito jovem mas já um guarda-redes consagrado.
Mas, e à partida, com um problema :
o de fazer “esquecer” um dos melhores guarda-redes do Mundo, Michel Preud´homme.
O Benfica tinha, então, e durante os três anos em que se manteve no Clube – lembro-me bem; infelizmente muito bem - uma equipa de qualidade mais que duvidosa.
Robert Enke, graças ao seu grande profissionalismo, lá conseguia – sozinho, e por vezes – colmatar as fragilidades da Equipa.
Não esqueço que foi deselegante para com o (meu) Benfica.
Quando saiu para o Barcelona, declarou que “precisava de jogar numa grande equipa para chegar à Selecção da Alemanha”.
Robert Enke, aos 32 anos, encontrava-se na fase de maturidade dos guarda-redes.
E, prematuramente, decidiu partir.
Deixando de jogar e, acima de tudo, de viver.
Uma tragédia pessoal que, e na circunstancia ocorrida, não tem qualquer defesa.
Enke, até sempre !..

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A insustentável leveza do (nosso) ser …

Ora, se a corrupção é um problema, um grande problema que mina e corrói a democracia, mui provavelmente este problema não pode(rá) ser resolvido pela mera retórica discursiva como, e de resto, se vem verificando por parte dos partidos do sistema e, muito em particular, pelo PS.
É um lugar muito comum ouvir-se que “à politica o que é da politica e à justiça o que é da justiça”.
O problema, o grande problema é que cada vez mais é difícil separar a justiça da politica e/ou a politica da justiça.
O que é naturalmente grave e motivo de múltiplas e sérias preocupações.
Eis um exemplo caricato que tipifica, de forma clara e inequívoca esta “confusão” entre a politica e a justiça e/ou vice-versa; desta feita, devidamente explicitado ao Jornal “I” ( pode ler-se na primeira página de hoje ) pelo senhor procurador-geral da Republica :
- na última semana de Junho, enviou para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça duas certidões extraídas do Processo Face Oculta e está a avaliar o envio de outras oito.
- no dia 3 de Setembro, Noronha do Nascimento ( Presidente do Supremo Tribunal de Justiça ) decidiu sobre as duas primeiras, onde estarão incluídas as conversas entre o primeiro-ministro e Armando Vara.
Hoje, dia 10 de Novembro, finalmente, o Supremo Tribunal de Justiça diz que as escutas são nulas.
Mas, então, porquê só agora ?..
É que, e assim, como é que vamos a-c-r-e-d-i-t-a-r na Justiça !!!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Leituras de Verão – no estio deste Outono retardado!

‘O crash de 2010’!

O fim do Verão e este início ensolarado e quase tropical de um Outono que tarda, trouxe interessantes novidades editoriais, seja as relacionadas com a interminável crise económica (que ameaça eternizar-se), ou as que respeitam à consolidada teoria da evolução (no ano em que se comemoram os 200 anos do nascimento de Darwin e os 150 da publicação da ‘Origem das espécies’). Mas entre Krugman (‘A consciência de um liberal’) ou R. Dawkins (‘O espectáculo da vida’), prefiro aqui trazer o espanhol Santiago Niño Becerra, que acaba de ver editado em português o seu enigmático (ou provocatório?) ‘O crash de 2010’.

Independentemente do tom premonitório do título – pois o mais relevante não é saber se a crise sistémica de que o autor fala vai mesmo acontecer, com uma precisão que roça a ‘convicção profética’, no Verão de 2010 (!!!) – importa aqui destacar alguns aspectos que a leitura deste livro suscita. Desde logo, que se trata de uma perspectiva diferente de quantas têm abordado a actual crise e as suas consequências ou saídas. O autor situa-se no que se pode designar de ‘keinesianismo de esquerda’, até nas referências teóricas que adopta (J. K. Galbraith e Joan Robinson), o que talvez explique a firmeza e a convicção que coloca tanto na caracterização da crise (trata-se de uma crise sistémica e não de mais uma crise cíclica), como no seu previsível desfecho (que só pode ser um novo modo de produção, com a mudança da ‘forma como as coisas são feitas’) – ao contrário dos denominados neo-keinesianos, empenhados em demonstrar a suficiência das tradicionais receitas públicas aplicadas em anteriores crises.

Neste contexto são especialmente significativas duas passagens do livro. A primeira diz respeito ao que o autor designa por ‘bluff irlandês’ – e já se percebeu a que se refere! Durante os últimos 20 anos apontado como um exemplo a seguir pela cartilha neoliberal, os episódios da crise tiveram o mérito de pôr a nu o verdadeiro milagre irlandês, ao transformarem em pesadelo aquilo que era propagandeado como um sonho – sonho para uns poucos, é certo, que não para os milhares de desempregados, submersos no endividamento para onde foram arrastados (atraídos?) pelo hiperconsumo, precisamente dois dos três pilares em que assenta este capitalismo tardio (o terceiro é, segundo o autor, o desmesurado crescimento do terciário). Os resultados do modelo irlandês do ‘boom’ (atracção do investimento externo por via fiscal), acabaram por, mais uma vez, demonstrar como a economia de um país pode ser usada apenas como plataforma de ganhos alheios sem retorno significativo para os respectivos cidadãos.

E adianta: ‘A crise das hipotecas de alto risco, ou subprime, os níveis descontrolados a que se deixou chegar a economia financeira, os montantes da dívida privada já incomportável a todos os níveis, a crescente produtividade que já está a tornar excedentários amplos colectivos humanos, os progressos de uma tecnologia cada vez mais eficiente não são mais do que manifestações do esgotamento do sistema’.

O que se prende com o segundo aspecto a destacar. De acordo com o autor, ‘o capitalismo nasceu com o germe que lhe permitiu desenvolver-se, alcançar os níveis de crescimento que conseguiu, mas, por sua vez, constitui a semente do seu esgotamento e da sua destruição.(...) o capitalismo exige uma expansão constante, que, obviamente, não é possível.Fisicamente, sublinhe-se. Pois ainda que relevando do óbvio, tende a ignorar-se o aspecto que cada vez mais importa evidenciar, o que o leva a concluir: ‘O crescimento do planeta tem-se baseado na convicção de que gastar de tudo, sem limite, era possível e inclusive necessário (...). Foi possível porque esse estado de bem-estar, esse ir mais além, nos fez crer que com as nossas criações, a nossa tecnologia e o nosso engenho financeiro seria possível compensar qualquer desequilíbrio. Contudo, quando a dívida se tornou fisicamente insustentável e a capacidade de absorver bens de consumo se esgotou, o nosso sistema deparou-se com uma crise.

Resta saber se a actual crise acaba mesmo em ‘crash’, como assegura a premonição de Santiago Becerra. E se o seu desfecho se traduz num novo modo de produção.

Há muitas questões que persistem sem resposta nesta descrição do sistema a caminho da catástrofe. Por exemplo, em que é que se traduz o germe (ou pulsão) que sustenta o capitalismo, mas que o irá levar à autodestruição. Limites, naturalmente, da própria concepção ideológica do autor – ou da sua recusa em aceitar conceitos decretados como ‘malditos’. Não obstante, pois, serem questionáveis alguns dos pressupostos em que assenta a narrativa, não deixa de ser interessante percorrer as páginas deste livro e confirmar que, afinal, por diferentes vias e processos, há muita gente a confluir numa conclusão básica: a mudança deste sistema impõe-se como uma medida profilática em nome do progresso – ou tão só da sobrevivência do homem.