terça-feira, 12 de agosto de 2008

Impostos, dietas de Verão e mudança de hábitos

Agora que se concluiu, apuradas as contas, que no 1º semestre do ano o Estado arrecadou menos 17% no ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos), qual irá ser a posição do Paulinho Portas relativamente à sua obsessiva proposta de redução deste imposto como única forma, afiançava, de reagir à crise provocada pela escalada dos preços do petróleo que ameaçava tornar-se imparável – tanto quanto o alarme das pessoas que a ia acompanhando?
O mais certo será ficar quieto e calado, a ver se ninguém nota ou já se esqueceram, passada a onda das contestações populares contra o que se configurava um autêntico assalto ao bolso dos cidadãos – e, já agora também, um contratempo nos entranhados hábitos consumistas – a que, ao seu melhor estilo populista, correspondia o irrequieto Portas, cavalgando-a com furiosa sanha justiceira!


Mas os efeitos da forte subida dos preços dos combustíveis no 1º semestre do ano não se fizeram sentir apenas ao nível das Contas do Estado. Para além do já esperado disparo dos lucros dos países da OPEP (e certamente também das petrolíferas!), interessa-me aqui destacar, por mais ligado aos comportamentos e, por isso mesmo, eventualmente bem mais importante na estruturação do nosso futuro, a consequente e sensível quebra no seu consumo. Ficará esta a dever-se, em boa medida (não exclusivamente), à mudança nos hábitos de mobilidade de um número significativo de pessoas, levando-as a optar (forçadas, é certo) pelos transportes públicos em detrimento do automóvel particular.

Teme-se aqui, no entanto, o mesmo efeito das dietas de Verão. No final deste – que o mesmo é dizer, passada a onda altista dos preços, agora que parecem querer voltar a uma certa ‘normalidade’ – tudo retorna ao morno e perigosos remanso de outrora: esquecem-se os bons propósitos, retomam-se os velhos hábitos, até ao próximo Verão – ou seja, até ao próximo susto ou solavanco do mercado petrolífero.
Até lá assistiremos, porventura, a mais uma dúzia de campanhas histéricas do Portas a propósito de não importa o tema (importa, isso sim, a utilização do que quer que seja para afirmar que existe). No intenso frenesim de que é acometido apenas lhe importa garantir o (seu) presente. O futuro pouco importa ou não existe. O mundo existe, mas pode esperar.

Resta-nos então esperar também que a experiência de alguns nos transportes públicos não tenha sido tão decepcionante que os leve, absorvido o efeito de mais este choque petrolífero, a retomar os velhos e perniciosos hábitos de consumo sem governo!

Pena, afinal, que o rasgo financeiro do Portas não se tivesse revelado nos transportes públicos em lugar dos submarinos... para as receitas do Estado e para os hábitos de consumo!

1 comentário:

Carlos Borges Sousa disse...

O Paulinho, qual populista e demagogo encartado, e qual catavento, quanto à questão do ISP fica(rá), tal como sugere, calado.
Tem, agora, novo "pasto" para semear a sua (dele) demagogia em quantidade quanto baste:
- a segurança ( com e em todas as suas cambiantes)
A ver vamos ...