sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"Cavaco manda fechar espaço aéreo em Albufeira"

Este título do DN de hoje, vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, atira-nos, num primeiro impacto, para uma série de dúvidas e interrogações sobre as razões de tão drástica medida e até sobre o local. Mesmo depois de lida, a notícia não nos sossega completamente e permanece algo intrigante, por se tratar de um uso invulgar dos poderes presidenciais. Reproduzo o essencial:
O Presidente da República (PR) está em férias no Algarve e, por razões de segurança, mandou reservar o espaço aéreo na região de Albufeira. (...)
Segundo as fontes do DN, é a primeira vez que um Presidente da República em férias no Algarve manda interditar o espaço aéreo por cima da sua casa.
(O responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança) desconhece o motivo que levou o presidente a solicitar a interdição do espaço aéreo,” admitindo “que possa estar relacionado com os paparazi.

Entretanto, a fotografia que acompanhava a notícia apresentava Cavaco a passear pela praia (desconheço se na ‘sua’ praia), em calções de banho e toalha a tiracolo, em pose idêntica à de um qualquer emigrante em férias no Algarve.
Para quem ousa recorrer aos poderes presidenciais na ‘interdição’ do espaço aéreo para sossego próprio, diga-se que a pose é muito pouco presidenciável. Se é deste tipo de ‘agressões’ que o ‘nosso’ Presidente se quer proteger, tem a minha compreensão...
Ou então, esta atitude insere-se na mesma linha da que produziu o suspense em torno da anunciada comunicação ao País... sobre regulares normas do Estatuto dos Açores (assim consideradas pelo Tribunal Constitucional). Estará o Presidente a especializar-se então em produzir tiros de pólvora seca?

Temo, no entanto, que tais atitudes se insiram mais naqueles tiques de autoritarismo que o caracterizaram no seu passado governamental e ainda não teve oportunidade de exibir nas suas actuais funções. Com alguma inabilidade, é certo, vai-nos avisando para nos acautelarmos: ‘ele’ existe, tem poderes e até os exerce,... quando e como ele quiser. Afinal ‘ele’ é o Presidente (e para isso não perde uma ocasião de se apresentar hirto, distante e quase imperial – lá está, contrastante com a pose, com que foi ‘apanhado’, do emigrante em férias!).
Estejamos atentos, pois, aos próximos episódios.

1 comentário:

Carlos Borges Sousa disse...

Tiques de autoritarismo ?
Não, meu caro; em meu entender, o senhor Presidente da Republica de Portugal é, no que respeita a questões de segurança(s), mesmo e para ser simpático: AUTORITÁRIO ...
Ora, e no que concerne às viagens, então a "neura" sobe de tom; é que, à pala disso, da "neura", a "Esfinge" exige um "séquito" que deixa a respectiva assessoria de Belém com os cabelos em pé (mesmo os que, como nós, sejam carecas).