quinta-feira, 17 de julho de 2008

Berta Cabral e a sua (dela) confusão entre a politica e a "poesia" …

( "Teatro Micaelense" : uma obra da "arte poética" de Berta Cabral )
Berta Cabral é muita dada ao “culto da personalidade”; é, pelo menos, o que – enquanto cidadão, nascido em Ponta Delgada, recenseado em Lisboa e que, de quando em vez, (re)visita S. Miguel - me é dado “ver”, por aí : não há revista, brochura, jornal da Câmara Municipal de Ponta Delgada (CMPD) e/ou com o patrocínio desta (da CMPD) que não traga/faça a “apologia” da senhora.
Provavelmente, penso eu, Berta Cabral até deve(rá) gostar disso: do (seu) “culto da personalidade”; tudo isso, imagino, até pode(rá) fazer parte do seu estilo e da sua estratégia de “governança”.
São, contudo, estilos e estratégias ( de “governança” ) que, pela manifesta exposição do “culto da personalidade” da senhora, deveriam merecer o questionamento dos cidadãos.
Leio, agora e estarrecido, uma brochura da CMPD “reclamando” – em grande estilo propagandístico – o Parque Urbano da Cidade.
Para não variar, Berta Cabral “colabora” na brochura assinando, enquanto presidente da CMPD, um texto algo "poético" em jeito de prefácio.
Demagogicamente – quem sabe, e se só irresponsavelmente – Berta Cabral escreveu o seguinte :
“A cidade é uma justaposição de ideias materializadas em obras que testemunham a vida de gerações unidas por laços de cultura e de História”
Depois, e porque provavelmente muito distraída, defende que :
“O desenvolvimento urbano verificado nos últimos anos trouxe-nos maior coesão social, confiança e inspiração para traçarmos novos rumos”
Finalmente, à presidente, dá-lhe para a "poesia", terminando assim :
“Este parque é um desafio para criarmos uma obra de arte na poética da nossa cidade enriquecendo-a nas suas múltiplas dimensões : estética, funcional e educativa.”
Enfim, provavelmente Berta Cabral deve(rá) viver numa qualquer Cidade Virtual e estará demasiado ocupada com a gestão corrente do seu (dela) “culto da personalidade” para demonstrar tamanha irresponsabilidade e indecorosa demagogia.
Assim, e por isso, é que Berta Cabral confunde, levianamente, a politica com a "poesia"; o que lhe falta em politica, sobra-lhe em "poesia".
Até quando ?..
Bom, eu diria : até os cidadãos de Ponta Delgada quererem !..

4 comentários:

Anónimo disse...

Não sou, insensibilidade minha, um grande amante de poesia, mas atrever-me-ia a dizer que, um autarca poeta pode até ser uma mais valia, uma forma de revelar maior aproximação dos eleitos aos seus eleitores.
Desde que a poesia, lá está, não sirva para encobrir políticas e medidas que traduzam precisamente o contrário: o afastamento progressivo dos eleitores, obra de fachada, promoção pessoal, quando não ainda pior. Mas é como diz: cabe aos eleitores dizer até quando estarão dispostos a sustentar situações assim. O problema é que a teia de interesses entretanto tecida pode ser muito ampla (veja-se o caso da Madeira do Jardim), o que torna tudo muito mais difícil.

Carlos Borges Sousa disse...

Meu caro,
Provavelmente, não me expressei correcta e convenientemente dado que, por aqui, a "poesia" é outra.
Berta Cabral - que eu saiba - não é poetisa; porém, e para dar corpo ao seu "culto de personalidade", numa brochura editada pela CMPD, assina um texto de propaganda em que se refere às obras da cidade com uma terminologia muita poética
em contra-ponto com as auténticas aberrações urbanisticas que tem materializado nesta cidade.
PS - a seu tempo, "postarei" sobre os atentados à "poética da cidade"
perpretadas pela Presidente da CMPD

Anónimo disse...

Caro Borges de Sousa,
Peço desculpa pelo equívoco que, não obstante o meu 'desvio poético', em nada compromete a substância do comentário. Talvez até o acentue, pois então se nem a poesia se salva (afinal o que ela produz não passa de fraude poética) a situação pode ser, a avaliar pelo que diz, ainda mais insuportável!

Carlos Borges Sousa disse...

Ora, nem mais.
Por aqui, e em particular na CMPD, os motivos de desprezo pela POLITICA costumam resultar, mais ou menos e quase todos eles, do facto dos gabinetes para a imaginação do futuro definirem os objectivos sem contar com as possibilidades e, depois, os gestores manipularem as possibilidades sem respeitar os objectivos.