sexta-feira, 6 de junho de 2008

IV – Balanço nefasto de trinta anos de liberalismo

Passados mais de 30 anos sobre o triunfo das teses liberais e o correspondente domínio absoluto do mercado, os efeitos das políticas gizadas sob a sua influência, contando com a complacência, por vezes mesmo o empenhado contributo, dos partidos socialistas, são simplesmente devastadores. Apenas a título de exemplo: a nível económico (crises sucessivas), social (aumento das desigualdades), ambiental (aquecimento global) ou político (terrorismo, cerceamento da cidadania,...). Certo é que ao cabo destes 30 anos de exercício neoliberal, a vida no planeta tornou-se mais instável, mais perigosa, mais desigual. Não obstante as esplendorosas conquistas técnico-científicas, a esmagadora maioria das pessoas parece condenada a desembocar numa vida sem futuro e as certezas jogam-se apenas em sentimentos de frustração, desilusão, ansiedade.
Acresce, no caso português, o alastramento de um mal-estar crescente, gerado por uma situação social profundamente desigual e em desagregação acentuada, que ameaça degradar-se cada dia, perante a inoperância, ou a não tomada das medidas necessárias e adequadas, de um governo que se diz socialista.

Afinal, o que é que está a falhar? Onde é que está, sequer, a tão propalada ‘eficiência do mercado’ na gestão dos recursos, perante sinais tão evidentes de desperdícios inauditos? Torna-se absolutamente incompreensível a existência de situações de penúria extrema, sobretudo quando, ao lado, se exibe a mais faustosa e ofensiva riqueza. Como não considerar obsceno o confronto planetário entre um Norte opulento e o Sul miserável, entre a irracionalidade de uma sociedade da abundância e do desperdício e o degradante espectáculo de sociedades famintas e de carência absoluta? Como assistir, passivamente, à absurda destruição de milhões de toneladas de alimentos e de outros produtos, apenas porque perdem o seu valor comercial, levando à ruína produtores e condenando potenciais consumidores à fome e à miséria, por imposição das lógicas dominantes centradas no império supremo e exclusivista do mercado?

E, finalmente, qual o papel do PS (de todos os PS) perante estes cenários: gestor liberal, resignado espectador, ou mero mentor socialista?
Qual, então, a alternativa?
(...)

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