quarta-feira, 28 de maio de 2008

Indiferentes : até quando ?..

Isto é “apenas” o maior e mais grave falhanço da democracia portuguesa.

Mui provavelmente, por isso e no entretanto, Mário Soares, em artigo de opinião, afirmou no DN que :
" ... depois de duas décadas de neoliberalismo, puro e duro, (...) uma boa parte da esquerda, dita moderada e Europeia, parece não ter ainda compreendido que o neoliberalismo está esgotado.../... que a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho, são questões verdadeiramente prioritárias.../...urge fortalecer o Estado para os tempos que aí vem e não entregar a riqueza aos privados. Não serão eles [os privados], seguramente, que irão lutar, sériamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades. "

Entretanto, para não "destoar" e pelas vozes de umas tantas "carpideiras", o PS responde aos avisos de Soares.

José Sócrates, qual "socialista de plástico", reconheceu o "momento de dificuldade" que Portugal atravessa manifestando "total compreensão" pelos problemas que afectam a população, mas recordou a "situação social muito desequilibrada" deixada pelo PSD.

Ora, perante isso, perante tudo isso, só acho, mesmo, que os socialistas (que, ainda e agora, militam neste PS) não podem, de todo, ficar indiferentes a esta actual Direcção Politica do PS
que é uma parte activa da neoliberalização gradual do país, que gerou uma imensa fractura social e um modelo económico que, e tal como reconhece Mário Soares, está esgotado.

Sendo assim, e por tudo isso, até quando vamos continuar, mesmo, indiferentes ?..

2 comentários:

VRMendes disse...

É verdade que este discurso de Mário Soares não é um inédito de agora, é verdade que já por várias vezes o ouvi falar sobre estes mesmos assuntos.
É um enorme problema e um grande desafio para ser resolvido por grandes estadistas.
É agora que se verá quem vai ter unhas para tocar a guitarra.
O futuro o dirá.

Anónimo disse...

Torna-se interessante - e sintomático - constatar que, de repente todos advogam o reforço do Estado Social que ainda há muito pouco tempo o anterior Presidente do PSD se dispunha a desmantelar em seis meses(!!!). Para além do populismo/oportunismo de uns ou da sinceridade de outros (onde, concedo, possa até estar o actual Mário Soares), o que é importante concluir é que, chegado o momento da verdade (o das crises, o do 'Senhor dos Aflitos') todos, sem excepção, procuram o refúgio na protecção do Estado, se for necessário mandando às urtigas princípios e convicções, ainda que se apresentem debaixo de um discurso de inatacável coerência.
Mas lá que o Sócrates tem um 'probleminha' de mui difícil solução, lá isso tem: quando se preparava para fazer umas flores no campo social por causa das eleições que aí vêm, cai-lhe no regaço a crise. Agora é que se vai ver até onde vai a sua coerência, entalado entre os apertos do déficit e os apelos de socialistas 'tipo Soares'.