sábado, 24 de maio de 2008

Como distribuir o que não existe?

Apanho Teresa Caeiro, a solitária Branca de Neve dos sete anões, perdão, deputados, do CDS/PP (por enquanto ainda são onze, mas em breve a história se encarregará de corrigir esta anomalia), no ‘Frente a frente’ da SIC/N, com Saldanha Sanches. Ainda a propósito da discussão sobre as conclusões do Relatório Sobre a Situação Social na UE, que dão Portugal como o país da Europa mais desigual na repartição do rendimento e na tentativa, canhestra, de explicar o fenómeno, dá-lhe então para filosofar sobre a coisa. Adrega mesmo estabelecer a diferença entre esquerda e direita, reafirmando uma vulgaridade boçal: a direita preocupa-se primeiro em gerar rendimento para depois o distribuir, a esquerda preocupa-se apenas em o distribuir (mais ou menos nestes termos).
Tese que, só por si, basta para fundamentar a óbvia superioridade da direita sobre a esquerda. Até porque, perante tal desafio, resta à esquerda resolver um problema prévio de não pouca monta: distribuir o quê, afinal?
Temo o desperdício ou o desbarato de pensamento tão profundo, se acaso se confirmarem os piores cenários ao partido que já foi do táxi. Alguém até já afirmou que, por este andar, ainda acaba a andar de trotinete.
O interlocutor, o Saldanha Sanches, esse embatucou, fulminado de tamanha desfaçatez. Conseguiu, é certo, recompor-se a seguir – e até sorrir de outras malfeitorias do género ocorridas na mesma sessão – mas, convenhamos, não é tarefa fácil desconstruir – sem se rir – complexidades teóricas de tal jaez.
Haja pachorra!

1 comentário:

Anónimo disse...

A direita tal como está visto e revisto, preocupa-se primeiro em gerar rendimento, para depois o distribuir a quem mais lhe convém, aos amigos, aos amigos dos amigos, aos afilhados e então depois criar as infraestruturas necessárias para que a máquina não deixe de estar oleada e devidamente afinada para produzir a riqueza tão necessária à continuidade do ciclo.
Não passa de um ciclo vicioso e viciante.
É a eterna elite sem princípios sempre a bater nos humildes, que até são, por acaso, quem lhes dá o pão de cada dia.
Muito mal comparado, são como alguns cães mal educados, que mordem a mão a quem lhes dá de comer.
É a desilusão!